Pessoas ruivas como Kidman não devem pegar sol.
O cabelo é o órgão mais ativo do corpo humano e pode ajudar cientistas a desvendar segredos relacionados aos sistemas imunológico, circulatório e nervoso.
É o que garantiram cientistas reunidos nesta sexta-feira em Londres para o The Hair Affair, evento aberto ao público que discutiu a "Ciência do Cabelo" na Royal Institution da Grã-Bretanha.
Se antes o estudo dos fios de cabelo era limitado apenas à cosmética, hoje cientistas vêem os cerca de 115 mil fios que cada pessoa possui como um espelho do corpo humano.
O cabelo possui cerca de 20 tipos de células com as mais variadas funções. Além de formarem os fios, essas células estão ligadas a diversos sistemas do corpo humano - principalmente o nervoso, o circulatório e o imunológico.
Células-tronco
"Por isso, quando uma pessoa não está saudável, o cabelo logo apresenta mudanças em sua textura e forma", exemplifica Bruno A. Bernard, que trabalha como pesquisador da multinacional L´Oreal.
Bernard explica que esse mosaico de células muito bem organizado que é o cabelo vem despertando cada vez mais o interesse da ciência.
Recentemente, por exemplo, descobriu-se que no cabelo existem células-tronco, células sem uma função específica que são capazes de se transformar em outras células do organismo.
"Isso é de grande valia para os cientistas, que podem estudar facilmente o comportamento dessas células-tronco, apenas arrancando um fio de cabelo", explica o cientista.
Jonathon Rees estuda fios de cabelos há mais de 20 anos e sua maior especialidade é em cabelos ruivos como os da atriz Nicole Kidman.
Responsável pela descoberta do gene que dá a pigmentação vermelha ao cabelo (o MC1R), Rees tenta agora traçar a histórica genética dos ruivos.
"Estamos descobrindo algumas coisas fascinantes. Hoje, acreditamos que as pessoas ruivas são provavelmente as pertencentes à etnia mais recente da humanidade. Elas teriam surgido há cerca de 50 mil anos", conta Rees.
A teoria de Rees é que na África, onde o homem teoricamente surgiu há cerca de 3 milhões de anos, uma pessoa ruiva não poderia sobreviver por causa do sol.
"A coloração clara do cabelo e da pele só pode ter surgido recentemente, quando o ser humano tomou conta das regiões mais distantes do Equador possíveis", explica Rees.
Para os cientistas, os ruivos não teriam a menor condição de sobreviver na África porque as pessoas de pele clara produzem pouca melanina, que tem função fotoprotetora.
"O estudo da origem, da função e da fisiologia do cabelo pode ajudar mais no entendimento do ser humano como um todo", acredita o pesquisador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário