A imprensa mundial já noticiou pesquisas que demonstram que a maior parte dos produtos de beleza, como cremes e loções para a pele e os cabelos, contêm alegações infundadas sobre seus efeitos benéficos. Em outras palavras: apesar de misturarem vitaminas, algas, extratos de embrião, ácidos, etc. aos constituintes básicos dos seus produtos, não existem evidências científicas de que realmente funcionem. Os produtos são caríssimos, aliás, e voltados essencialmente ao público feminino, que costuma não medir sacrifícios para os comprar avidamente. Existem potinhos importados, com uma quantidade ridícula de creme, que custam mais de 100 dólares.
O que contém um creme hidratante para a pele? Com pouquíssimas variações contêm um ingrediente básico, a lanolina, que foi introduzido no mercado de massa de produtos cosméticos na década dos 30s. A lanolina tem esse nome pois foi extraída quimicamente pela primeira vez dos pelos da lã de carneiro, conferindo aos mesmos a maciez característica. É uma mistura de ácidos graxos (gorduras) e seus ésteres, sintetizada pelas glândulas foliculares da pele, e que tem propriedades hidrofílicas, ou seja, liga-se com a água, o que lhe confere o poder hidratante, além do amaciante. A lanolina é obtida como um subproduto da limpeza da lã bruta, através da limpeza com sabão, sendo em seguida refinada, desodorizada, descorada e secada.
Como produto de beleza, a lanolina no início era um produto caro, exclusivo, adorado pelas mulheres pelas propriedades que realmente tem de tornar a pele menos áspera e com melhor aparência. Ela é rapidamente absorvida pela pele, por isso é usada para transportar substâncias que se deseja que sejam absorvidas também. Por isso, é o excipiente mais usado em pomadas de uso farmacêutico. Aliás, a lanolina não é usada só para isso. É a base de muitos outros produtos para couros e peles, sabonetes e amaciantes de roupas e tecidos, sendo algumas vezes misturada com parafina.
Os precursores dos cremes de pele baseado em lanolina mais conhecidos e mais usados no

As fórmulas de alguns cremes são positivamente bizarras, para não dizer esotéricas. O Creme de la Mer, que foi criado pelo cientista da NASA Max Huber, que sofria de queimaduras químicas atrozes, é um exemplo. Recentemente, a prestigiosa empresa americana Estée Lauder comprou a fórmula, depois que Huber morreu. O creme é baseado em uma mistura secreta de vitaminas, minerais e certas algas marítimas colhidas de acordo com o ciclo lunar. A preparação envolve fermentação durante meses, ao som de borbulhas gravadas em fermentações anteriores, e com pulsos periódicos de luz, para “energizar” o creme (não estou brincando...). Além disso, à receita original foram adicionados malaquita (que de acordo com uma “ cientista” da La Mer, “atrai a energia do sol” (seja lá o que isso significa...), pedaços de prata e de ouro, para “dar propriedades antibacterianas, e pelo fato dos metais absorverem a luz e transferí-la para o creme, para torná-lo ainda mais potente.”
Seria ridículo, se o creme não custasse 150 dólares para um pote de 57 miligramas, e não fosse comprado por mulheres do mundo todo, que nesse momento conseguem perder toda a racionalidade em troca de um efeito duvidoso. A lanolina continua sendo parte do creme, e é muito provavelmente ela que confere o efeito, igualzinho ao humilde e baratinho creme Nívea, mas que a credulidade dos compradores pensa ser diferente...

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